2008-06-06

Acabe com o efeito sanfona! I

As pessoas que desejam emagrecer e optam por algo radical, como jejuar, alimentar-se só de líquidos, cortar totalmente alguns grupos de alimentos e fazer uso indiscriminado de remédios, provavelmente não tem uma noção clara de que o excesso de peso é um problema sério, que deve ser tratado de forma equilibrada, isto é, respeitando o corpo e suas necessidades.

Quando o emagrecimento não faz parte de um processo consciente, ao conquistar o peso desejado a pessoa volta a comer de forma inadequada e engorda novamente. Por isso, muitos endocrinologistas constatam que quem vive de “dieta” estará acima do peso considerado saudável num futuro não muito distante.

A obesidade deve ser vista como uma doença crônica, que deve ser tratada pelo resto da vida, através da mudança de hábitos alimentares e do modo de se relacionar com a comida.

O efeito sanfona pode ser


considerado uma “vingança” do organismo para fazer o corpo voltar a ter o peso que tinha antes do emagrecimento. Isso ocorre porque o cérebro tende a manter o maior peso que a pessoa já teve, pois as células de gordura adquiridas na infância e na adolescência não morrem, apenas “murcham”. É necessário que o organismo passe muitos anos numa determinada faixa de peso para se adaptar a esse novo peso.

Uma coisa é certa: não existe milagre, remédio ou dieta para emagrecer definitivamente, sem que aconteça uma mudança de comportamento. Essa é a regra básica para quem deseja emagrecer e se ver livre do efeito sanfona.

É fundamental aprender a comer, porque não é possível seguir uma alimentação fora dos padrões e tomar remédios a vida inteira. Mais do que se submeter à regimes alimentares severos, é necessário mudar de atitude perante a vida e o prato de comida.


“Não existe milagre, remédio ou dieta para emagrecer definitivamente, sem que aconteça uma mudança de comportamento. Essa é a regra básica para quem deseja emagrecer e se ver livre do efeito sanfona”

O emagrecimento deve ser um processo lento e gradual, conforme os hábitos vão se modificando. Se a pessoa não consegue controlar a quantidade e a qualidade do que come e se boicotar a alimentação saudável com ataques constantes à geladeira, seu problema deve ser analisado não só por um nutricionista, mas também por um psicólogo.


Há pelo menos dois bons motivos para não descontar os problemas na comida. O primeiro porque o verdadeiro problema não será resolvido dessa forma e o segundo porque se agravará ainda mais a obesidade. Tratar as causas de alguns problemas emocionais pode ser fundamental para que o emagrecimento ocorra e perdure.

Perder e recuperar o peso pode ter efeito psicológico negativo. Depressão, desânimo e sentimentos negativos são freqüentes em pessoas que emagrecem e depois engordam novamente. São comuns pensamentos negativos, como não sou capaz; sou um fracasso; jamais vou conseguir; me odeio por isso.

A auto-estima diminui muito, e é comum a pessoa se isolar, com vergonha do próprio corpo e como punição pelo que considera falta de capacidade para concretizar seus objetivos. Esses sentimentos fazem a pessoa se sentir fracassada e retardam a retomada do foco para as verdadeiras mudanças na alimentação e na atividade física.

Quem deseja emagrecer deve estar psicologicamente preparado para comprometer-se com mudanças no estilo de vida para o resto da vida. Sanfona? Só nas festas juninas. E olhe que já é um instrumento um tanto fora de moda!


Data de publicação: 02/06/2008


Coluna assinada por:
Flávia Leão Fernandes

CRP 06/68043
Psicóloga clínica, Mestre em Psicologia pela Universidade de Londres, Inglaterra e especialista em Psicologia Hospitalar
com enfoque em obesidade.

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Mulher gorda é que nem Ferrari… quando sobe na balança vai de zero a cem em um segundo.