2008-08-14

Por dentro da pílula

A pílula anticoncepcional é um dos medicamentos mais utilizados no mundo todo. E não serve só para evitar uma gravidez indesejada: ela melhora bastante a pele e os cabelos, além de ser capaz de prevenir doenças como o câncer de ovário e a endometriose. Mas você sabia que não se deve tomar a pílula sem uma consulta médica? E que mulheres fumantes com mais de 35 anos não podem usar o medicamento sob o risco de ter uma trombose ou embolia pulmonar? Nesta entrevista com a ginecologista, obstetra e mastologista Elisabeth Dobao, você vai saber mais sobre a pílula anticoncepcional – inclusive que ela não faz engordar, ao contrário do que dizem por aí.

FEMINÍSSIMA – Quais as vantagens da pílula sobre os demais métodos anticoncepcionais?
ELISABETH DOBAO - A pílula tem eficácia comprovada, baixo custo, é facilmente reversível, proporciona controle dos ciclos menstruais, sangramento em menor quantidade e com menor duração, diminuição das cólicas e sintomas pré-menstruais (TPM), controle da acne e oleosidade da pele e cabelos. Além disso, é comprovado estatisticamente que a longo prazo há diminuição da incidência de gravidez ectópica (fora da cavidade uterina), cistos de ovário, miomas uterinos, câncer de ovário e endométrio.

A partir de que idade pode-se tomar a pílula? E existe idade limite para seu uso?
Na ausência de contra-indicações, pode ser iniciada alguns meses após a primeira menstruação, ficando claro que entre outras questões, deve ser levado em conta a maturidade da usuária, sua motivação, freqüência das relações sexuais etc. Não há idade limite para a parada do uso, desde que a mulher não seja fumante e mantenha um acompanhamento e contato periódico com seu médico, relatando qualquer problema de saúde.

Muitas mulheres ainda temem a pílula, com medo de engordar. Esse temor tem fundamento?
Não. Hoje existem anticoncepcionais orais das mais diversas composições, com dosagens mínimas. Em alguns casos, pode haver ganho de 1 a 2 Kg, mas que é reversível.

Quais os efeitos colaterais mais comuns? Eles param depois de um tempo? E se não pararem?
Os mais comuns são as náuseas, cefaléia leve, sensibilidade mamária, sangramento fora do período menstrual e alteração do humor. Em algumas usuárias apresentam-se somente nos primeiros dias ou até aproximadamente o 3º ciclo e param. Porém, sempre independente da fase, os efeitos devem ser relatados ao médico, que julgará se é possível ter paciência e insistir na escolha ou providenciar a troca de substância, modo de uso ou até mesmo de método.

Quais os critérios usados para escolher a pílula ideal para a mulher?
O médico deve fazer uma avaliação cuidadosa, pesquisando a história das doenças familiares como diabetes, hipertensão arterial, AVC etc, além da história pregressa da paciente, perguntando se tem ou já teve alguma dessas doenças anteriormente mencionadas; enxaquecas freqüentes, problemas sérios de circulação ou coração, convulsões, câncer de mama, se faz uso de medicações contínuas etc. Hoje damos preferência a começar sempre com as pílulas de baixa dosagem e orientar a volta após um curto período para observar se houve adaptação, ou a qualquer momento em caso de incômodo ou sintomas inesperados.

Existe alguma contra-indicação para seu uso?
Sim. Algumas entre as absolutas são o fumo após os 35 anos, doença cardiovascular passada ou atual (ex: AVC e trombose venosa profunda), diabetes há mais de 20 anos ou que já tenha lesão ocular, neurológica ou renal, doença hepática ativa e grave, pressão arterial igual ou superior a 160/100mmHg, ser portadora ou já ter tratado tumor maligno de mama. Também há outras contra-indicações relativas onde a relação risco/benefício deve ser avaliada pelo médico e discutida com a paciente.

É necessário combinar a pílula com algum outro método anticoncepcional?
Sim, deve-se usar a camisinha para a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e quando há contra-indicação absoluta para gravidez, como por exemplo, durante o uso de alguns medicamentos teratogênicos (que causam má-formação fetal).

O certo é tomar a pílula durante 3 semanas e fazer um intervalo de 7 das para que a menstruação desça, correto? Se a mulher quiser emendar uma cartela na outra sem intervalo para não menstruar, ela pode fazer isso sem prejuízos?
Sim, pois hoje há anticoncepcionais orais apropriados para esta administração.

Esta prática pode se tornar prejudicial?
Não há até o momento estudos que mostrem prejuízos comprovados quanto a esta forma de administração.

O uso prolongado da pílula (fazendo-se os intervalos direitinho) altera seus efeitos?
Não.

Depois de um tempo de uso contínuo – meses ou anos - , é preciso trocar de pílula ou fazer alguma pausa por algum período?
Não, não existe comprovação científica de que este "descanso" seja necessário.

No caso de querer engravidar, quanto tempo leva para que a pílula pare de fazer efeito no organismo?
Assim que acaba o sangramento ocasionado pela parada do uso do anticoncepcional oral, teoricamente já se inicia um ciclo ovulatório. Por segurança, ela deve se considerar fértil tão logo deixe de tomar 2 pílulas.

Se a pílula provocar algum efeito colateral e não for possível entrar em contato o médico, o que se deve fazer?
Caso não seja possível encontrar um médico para tirar dúvidas em caso de sintomas mais intensos ou incômodos, pare o uso do anticoncepcional e utilize a camisinha até que seja avaliada e tenha suas dúvidas sanadas.

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Para Rir

Mulher gorda é que nem Ferrari… quando sobe na balança vai de zero a cem em um segundo.