2009-07-08

Tem perigo na rede, delete já os sites que defendem a anorexia



Difícil de acreditar: existem páginas na internet criadas por garotas que adoptam o transtorno alimentar como um estilo de vida. Obcecadas pela aparência, fazem de tudo para ficar cada vez mais magras. Só esquecem de dizer que essa doença mata

por Débora Lublinski fotos Duca Valery

“Prezada leitora, gostaria de me apresentar: sou chamada pelos doutores de anorexia nervosa, meu nome completo. Mas você pode me chamar de Ana. Assim, poderemos nos tornar grandes parceiras. Quero investir muito tempo em você. Vou colocar coisas na sua cabeça, pensamentos sobre comida, peso e calorias. Quando perguntar ao seus amigos se está gorda e eles responderem 'não’, saberá, lá no fundo, que é mentira, que precisa perder mais alguns quilos. Apenas eu digo a verdade! Eu sou o seu melhor apoio, a sua única amiga. Com sinceridade, Ana.”

A carta acima é apenas um trecho da assustadora mensagem de apresentação retirada de sites que cultuam a anorexia, um transtorno alimentar caracterizado pela distorção da imagem corporal que leva a pessoa a deixar de se alimentar. Chamados de pró-ana (abreviatura de anorexia), eles pipocam na internet em páginas brasileiras e estrangeiras de garotas, principalmente adolescentes, que consideram a doença um verdadeiro estilo de vida para deixá-las magras, bonitas e, acima de tudo, participantes da sociedade. O alerta chegou aqui na redação por meio de um e-mail: “Entrei em um desses sites e fiquei realmente apavorada. Isto é um perigo! O mais incrível é saber que essas meninas estão usando a criatividade e a habilidade para uma coisa tão louca!”, contava a leitora Clarissa Mota.

Emagrecer a qualquer custo

Clarissa tem toda razão. Essas páginas são recheadas de dicas, conselhos e histórias para incentivar e ensinar garotas a emagrecer sem nenhuma preocupação com a saúde. “Limpe algo bem sujo para você perder o apetite. Pode ser a privada, o ralo ou qualquer coisa que cheire mal e tenha uma aspecto nojento”, é a sugestão absurda de um dos endereços eletrônicos. Ou ainda: “Se você for forçada a comer, procure encher um copo opaco com água pela metade. A cada garfada cuspa a comida conforme finge que está bebendo”. E não pára por aí: as páginas pessoais transformam-se em verdadeiras salas de bate-papo para trocas de experiências e mensagens de incentivo a ponto das participantes lançarem um desafio. O movimento No Food prega o jejum durante sete dias para conseguir uma rápida perda de peso. “Tomara que eu consiga ficar a semana toda sem comer nada. Afinal, na segunda começam as minhas aulas e eu preciso estar magrinha”, dizia uma das garotas.

Mais grave do que você pensa

“Nenhuma doença que causa a morte pode ser considerada um estilo de viver”, adverte Erika Romano, nutricionista do Ambulatório de Bulimia e Anorexia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, o Ambulim. Os números comprovam: cerca de 20% dos casos são fatais. Esse transtorno pode levar a um estágio de desnutrição clínica a ponto de exigir internação e, na maioria das vezes, tratamentos multidisciplinares com psiquiatra, psicólogo e nutricionista.

“Uma simples dieta para perder 1 ou 2 quilinhos pode, em quem já tem uma predisposição, detonar um processo de distorção da imagem corporal. A partir disso, essas garotas, mesmo magérrimas, se vêem gordas e continuam querendo emagrecer mais e mais”, explica Fábio Salzano, psiquiatra do Hospital Dia do Ambulim, de São Paulo (SP). As consequências são dolorosas: amenorréia (suspensão da menstruação), queda de cabelos, desmaios frequentes, pressão baixa, problemas de pele, depressão, entre outros sintomas gravíssimos. “O medo de engordar é muito maior do que o de morrer”, atesta Erika Romano.

7 comentários:

  1. Olá, por acaso já tinha ouvido falar desse site. É mesmo assustador!
    Uma coisa é querer obter o peso ideal, outra coisa é emagrecer sem limites com altos ríscos de saúde e até mesmo de morte...

    Beijinhos
    Cherry

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  2. Oi Lisa, sou a Patita sigo o teu blog desde ontem, e já agora parabens por ele. Fiiquei mt impressionada com essa reportagem sobre o movimento No Food e acabei por ir pesquisar na net. Como é que as pessoas perdem o controlo desta maneira? É impressionante e o pior é tentarem aliciar outras pessoas.E todos podemos estar sugeitos a isso. Bjs

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  3. Por acaso já fui para a blogues pró mia ou ana e tive pena daquelas pessoas porque deve ser horrível viver aquela vida. Só espero que consigam ajuda, senão o fim é aquele que todos sabemos.

    ***

    http://branquinha-light.blogspot.com/

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  4. Essa é uma realialidade que está cada vez mais próxima... talvez haja mais pessoas com problemas alimentares do que a maioria pensa!
    Em parte consigo compreender essas pessoas e sinto-me mesmo mal quando vejo alheios julgá-las!

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  5. Bem, eu devo confessar que já visitei alguns desses sites e são mesmo assutadores... Tipo: adoro ossos; Esta semana vou fazer LF (que entendi que significa Low Food - prai 300 calorias diárias....); Ontem consegui fazer NF (No food..) É so merdas assim.... E depois se comentas alguma coisa para as tentares ajudar ainda te dizem que só entra no blog quem quer.....

    *** Deus as ajude, porque nós não conseguimos ***

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  6. Menina, ótimo texto! E como é importante que nós que optamos pela reeducação alimentar ajudemos a combater esse mal...
    Valeu pelas dicas, viu? Vou lá ver se coloco as unhas... rsrsrs e se fizer te mando uma foto!
    Beijinhosssssss

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  7. Oii Já vi esses sites e quase não acreditei, e realmente estranho essas maneiras de emagrecer, se tiver a oportunidade jogue no blog "Anna Dark blog" é um dos mais impressionantes que a vi. Acho essa doença futil e desnecessária, sem falar no risco de vida de quem a segue, as que não morrem, morrem aos poucos por dentro, com tamanha neura. Beijos e ate+

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Bem vindos são aqueles que vierem por bem!


Para Rir

Mulher gorda é que nem Ferrari… quando sobe na balança vai de zero a cem em um segundo.